Ontem estive a ver um debate no canal 1 sobre a despenalização do aborto. Ainda não tinha decidido a minha posição, mas depois de ouvir os fracos argumentos do "não" resolvi que se votasse, coisa que não vai acontecer porque sou demasiado preguiçosa, votaria "sim", e passo a explicar porquê antes que me crucifiquem!
Enquanto que os apologistas do "sim" apresentaram mil e uma razões, o "não" continua a apresentar só uma, a velha ideia de que se está a matar um ser humano. Eu pergunto: Se a mulher recorrer a uma clinica clandestina sem condições e morrer não se está na mesma a matar um ser humano?? Dentro dos "sims" havia um senhor que era totalmente contra o aborto, mas que achava que para se puder regulamentar a situação era preciso despenalizar para poder controlar! E acho que tem toda a razão! Eu já estive numa situação em que podia ter pensado nisso, não pensei porque não sou a favor, mas acho que cada situação é unica e cabe à mulher decidir se tem, ou não, condições para pôr uma criança no mundo! Quando se vota "sim" não se está a dizer que se é a favor do aborto, esta-se a dizer que já chega de mulheres com complicações derivadas de abortos mal feitos, e já chega de não haver nenhum controlo sobre a situação. Outra coisa que diziam e com muita razão, é que a coisa como está não pode ficar! O negócio dos abortos clandestinos está completamente descontrolado. Não há limites de tempo, não há condições, não há limites de preços... Se se despenalizar pode-se regular isso tudo. Não percebo porque é que algumas pessoas acham que tem o direito de julgar quem quer que seja por fazer um aborto. Não são elas que estão na situação, não são elas que desesperam sabendo que não tem condições para ter aquela criança! É muito fácil apontar o dedo quando nós proprios não estamos naquela situação! A mulher já sofre o resto da vida depois de fazer um aborto, está provado! Fica com sequelas psicológicas que a acompanham o resto da vida! Já é suficiente! O minimo que se pode fazer é dar condições para que a experiençia seja o menos dolorosa possivel e não traga mais complicações! Repito: Eu não sou a favor do aborto, eu sou a favor da mulher como individuo e com capacidade para tomar as suas decisões tendo em conta a sua situação! Se o "não" me conseguir apresentar outra razão para além do facto de se estar a matar um ser humano, eu voto não! Mas não conseguem... Pareciam papagaios ontem, sempre a repetir a mesma coisa enquanto que os "sims" apesentavam muitas razões cheias de bom senso.
Outro assunto: Alguem me deixou um comment dizendo que faltava filosofia nos meus textos, mas não se identificou! Isto é mais um blog de fotografias do que de textos! Ja agora que se identifique o culpado!! :P
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7 comments:
Conheço muita gente que vai votar "sim" precisamente por achar que a decisão deve ser pessoal. Parece-me particularmente sensato entender que, mesmo sendo contra a IVG, se deixe aos outros a liberdade de ser a favor.
Quanto à falta de filosofia, acho cómico.
Agora sim! Este texto sobre o aborto está muito bom.Mas o "não" apresenta 1 só argumento- o embrião é vida. Se a sociedade acha que a mulher tem o direito de acabar com aquela vida ...então abrem-se os caminhos para outras soluções do género.
Quanto ao cómico da "falta de filosofia" eu gostava de perceber.
POis em se tratando de filosofia, dexa-me dizer que o argumento do não-O embrião é vida-é, como eles sabem uma questão filosofica tão inatingivel como "quem apareceu primeiro o ovo ou a galinha".
No entanto é sem dúvida uma "potencial vida humana", e sendo assim, tem a mulher o direito de acabar com a potencialidade daquele embrião em transformar-se num ser humano (vida)??
E onde podes tu traçar os limites entre a vida e não vida??
O embrião ás 10 semanas não é vida mas ás 10 semanas e 1 dia já é???
Claro que a favor do sim podemos dizer que um aglumerado de celulas totipotentes não pode ser considerado um ser humano (ou seja vida)pois não tem as caracteristicas que definem um ser humano. E quanto a potencialidade de se tornar um ser humano, bom pode haver um aborto expontaneo, pode ter deficiencias geneticas irremediaveis, pode não ir avante. Daí não se considerar um ser humano (vida) mas com capacidades para se tornar!
É complicado.....
Vou para por aqui, mas espero ter ajudado a minha mana a ver que o argumento do não, tem fundamento a nivel cientifico, assim como o do sim. A questão central está nas tuas crenças e naquilo que tu acreditas sera melhr para a sociedade em que vives e não tanto no esgrimir de teorias e argumentos mais ou menos inflamados.
Claro que eu não vi o debate, não tenho paciencia para fundamentalismos!!
E acho que na educação é que está o ganho!!!
Acredito mesmo que todos os médicos, parteiras, enfermeiros e outros que tais que praticam abortos ilegai sem condições de higiene e segurança para as doentes, devem ir para a choça cozer durante uns aninhos até ganharem juizo.Quanto ás mulheres que o fazem e como tu dizeste muito bem, cada caso é um caso e quem nunca "pecou" que atire a primeira pedra.
O feto às 10 semanas é vida, tal como o é às 11 ou às 9. A questão não passa por aí. Talvez passe pela questão de "é uma pessoa ou não?".
Talvez às 10 semanas não seja, talvez nem às 12 ou às 14. Sendo impossível dizer quando falamos de um ser humano consciente, define-se uma linha, em minha opinião, com grande margem de segurança.
No dia em que houver um sistema contraceptivo fácil, infalível e duradouro, a questão do aborto não precisará de ser colocada. Até lá, existe e mais vale colocar em primeiro lugar o desejo da mulher do que o de um ser já vivo mas ainda longe de ser pessoa. (Deixo a cada um o entretenimento de procurar a sua definição favorita de "pessoa".)
Mas nisso estamos de acordo Rui, a minha intenção era apenas esclarecer que, relativamente ao argumento "vida" mesmo em termos puramente cientificos a questão é puramente deotonlogica. Há cientista que consideram vida apartir do momento da concepcção, outros apenas o consideram apartir do momento em que existe desenvolvimento das celulas nervosas e como tal capacidade de "sentir". A definição de vida sempre foi filosofica e como tal quando se começa a aprofundar a questão acaba-se num ponto de interrogação, e isto é valido para o sim e para o não.
A escolha é sem duvida pessoal (no voto) e tem a ver com a nossa própria ideia do que queremos para a sociedade em que vivemos e das soluções que achamos validas para um problema que já não pode ser ignorado e para o qual o estado (lembremo-nos das promessas feitas a quando do 1 referendo) não tem capacidade de resposta.
Eu não sei se a liberalização será a melhor solução, mas o que não se pode negar é que a lei como está não alterou em nada a situação. N em para os fetos por nascer nem para as mulheres que por força das circunstancias não tem outro remédio se não colocarem-se nas mãos de carniceiros que as deixam marcadas fisica e psicologicamente para o resto da vida.
JCC
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